domingo, 8 de novembro de 2009

Terminal de vendas DG-820




Características Gerais

Teclado numérico
Visor LCD alfanumérico 16 x 2
Memória volátil de 32MB
Memória FLASH de 8MB para a aplicação e para armazenar dados operacionais
Relógio calendário interno
Interface serial RS 232 C (até 115Kbps)
Interface RS 485
Interface USB 1.1
Interface Ethernet 10BaseT
Interface para cartão com contato padrão ISO 7816-3
Antena para comunicação com Cartões Inteligentes (Smart Cards) sem contato padrão ISO 14443
Interface para impressora serial ou USB (externa, opcional)
4 módulos de segurança SAM (2 tipo PIC 17C44 e 2 tipo ID-0001)
Alimentação 90-240 V AC
Gabinete em aço inox


Características Técnicas

Dimensões aproximadas
- Largura: 290mm
- Profundidade: 200mm
- Altura: 80mm
Alimentação: 90-240 V AC
Peso bruto aproximado: 3Kg

Catracas CCA 1020 Micro





O sistema de mancalização do eixo, por dois rolamentos automotivos, proporciona suavidade ao movimento da catraca e reduz o desgaste do mecanismo, garantindo a precisão da contagem na integração eletrônica;
Robustez da estrutura metálica, feita em aço carbono com pintura eletrostática pó;
Braços de aço inoxidável
Processo de fabricação com CNC e qualidade certificada por ISO 9001:2000;
Excelente performance com baixíssimo índice de manutenção: o controle de passagem com sensor ótico evita o desgaste e prolonga a vida útil do equipamento. O acionamento de trancas por eletroímãs reduz drasticamente o índice de manutenção do equipamento;
Contador mecânico de 5 dígitos para contagem do passageiro;
Integração amigável com sistemas de bilhetagem eletrônica. A placa controladora microprocessada foi desenvolvida para atuar com validadores de diversos fabricantes;

Ponto para instalação de lacre para evitar o acesso interno do equipamento por pessoas não autorizadas;

Alimentação 12 Vdc – bateria do ônibus;

Facilidade de montagem na base através de 4 parafusos;

A catraca CCA 1020 Micro da Digicon permite uma fácil integração de outras tecnologias de Controle de Acesso, garantindo otimização de custos e agilidade no processo.

o validador do sistema de bilhetagem

sábado, 19 de setembro de 2009

ônibus são apedrejados em Taboão da Serra



Noite de terror: 10 ônibus são apedrejados em Taboão da Serra


O caos que vive o transporte coletivo da cidade ganhou contornos dramáticos na noite desta sexta-feira, dia 18. Por volta das 19h, 10 ônibus das Viações Pirajuçara e Fervima (que são da mesma empresa) foram apedrejados. Os motoristas foram ameaçados e pelo menos um deles foi agredido. A Polícia Civil diz já ter um suspeito de ter participado da ação.
O clima na cidade ficou muito tenso após as primeiras depredações que aconteceram no ponto final do Jd. Saint Mortiz. Ali, quatro ônibus foram alvo de pedradas que quebraram os vidros dos coeltivos. A maior parte das pedras foi atirada em direção dos motoristas. “Foi um desespero total, tinha uma passageira que começou a chorar, pedia para eu abrir a porta para ela descer. Pedi que ela se acalmasse, mas eles contiuavam jogando pedras”, afirmou o motorista.

Foto: Eduardo Toledo

Manifestação começou por volta das 19h e causou pânico entre os moradores
Outros três ônibus que estavam parados nos pontos começaram a ser apedrejados. Os moradores que estavam em bares, no supermercado e até na praça saíram correndo. “Eu não vi ninguém, derrepente dois moleques saíram de uma ruazinha e começaram a atirar as pedras, quando fui ver a confusão já estava armada”.
Praticamente no mesmo horário, em uma ação coordenada, outros seis ônibus foram atacados durante o trajeto dos itinerários. A ação dos marginais ocorreu da mesma forma, com pedradas no parabrisa, sempre em direção do motorista. “Os passageiros estavam em pânico, eles se deitaram no chão e gritavam muito. Fiquei com medo que eles colocassem fogo no ônibus”, afirmou outro motorista.
Os funcionários da Viação Pirajuçara estavam preocupados com o que pode acontecer daqui pra frente. Um deles disse na segunda-feira irá pedir demissão. “Não quero isso pra minha vida, eu não tenho nada haver com essa história. Tenho filhos, tenho mulher, quero outra coisa pra mim”.
A Polícia Civil já está investigando o caso e segundo informações colhidas pela nossa reportagem, os principais suspeitos de terem dado a ordem para a ação de vandalismo é de um grupo de perueiros que estariam insatisfeitos com a decisão da prefeitura de tirar as vans das linhas licitadas, que foi tomada na última quinta-feira.

Foto: Eduardo Toledo

10 ônibus foram alvo dos vândalos que chegaram a ameaçar de morte alguns motoristas
A reportagem do Portal O Taboanense conversou com oito motoristas e não identificou nenhum dos profissionais por motivo de segurança.




Por Eduardo Toledo
Especial para o Portal O Taboanense

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Rede Globo, o filme ou Beyond Citizen Kane




Beyond Citizen Kane
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Ir para: navegação, pesquisa
Beyond Citizen Kane
Muito Além do Cidadão Kane (BR)
Reino Unido
1993 • cor / p&b • 105 min
Produção
Direção Simon Hartog
Roteiro Simon Hartog
Género documentário
Idioma original inglês, português
Projeto Cinema • Portal Cinema

Beyond Citizen Kane (Muito Além do Cidadão Kane, no Brasil) é um documentário televisivo britânico de Simon Hartog exibido em 1993 pelo Channel 4,[1] emissora pública do Reino Unido. O documentário mostra as relações entre a mídia e o poder do Brasil, focando na análise da figura de Roberto Marinho.[2][3]

A obra detalha a posição dominante da Rede Globo na sociedade brasileira, debatendo a influência do grupo, seu poder e suas relações políticas, que os autores do documentário vêem como manipuladoras e formadora de opinião.[3] O ex-presidente e fundador da Globo Roberto Marinho foi o principal alvo das críticas do documentário, sendo comparado a Charles Foster Kane, personagem criado em 1941 por Orson Welles para o filme Cidadão Kane, um drama de ficção baseado na trajetória de William Randolph Hearst, magnata da comunicação nos Estados Unidos da América. Segundo o documentário, a Globo empregaria a mesma manipulação grosseira de notícias para influenciar a opinião pública como fazia Kane no filme.[3]

De acordo com matéria veiculada na Folha Online em 28 de agosto de 2009, a produtora que montou a filmagem é independente e a televisão pública britânica não teve qualquer relação com seu desenvolvimento. Já a Record sustenta que a BBC, outra emissora pública do Reino Unido, estaria relacionada com sua produção.[2]

Historia da região

“Geografia Humana dos Bairros de Colônia Paulista e Ilha do Bororé (Distritos de Parelheiros e Grajaú)”
in MARTINS, Rodrigo
“APA BORORÉ: Subsídios à implantação –
Praticando Geografia com a Teoria do Geossistemas”
São Paulo: FFLCH-USP, 2003
(...)
5. AÇÃO ANTROPOGÊNICA – OCUPAÇÃO DAS TERRAS E POPULAÇÃO
5.1 Os Caminhos
Poucos são os registros de ocupação efetiva do território antes da implantação da Colônia Alemã na região.
Segundo Zenha (1977) não há nenhum registro de aldeamentos indígenas pré-Cabralinos na região localizada entre os
afluentes Bororé e Taquataquissetiba (hoje Taquacetuba), do Rio Grande, região também conhecida por Bororé ou Ilha do
Bororé como foi chamada após a construção da Represa Billings em 1926, projetada pelo Engenheiro estadunidense Asa
White Kenney Billings, para a companhia The São Paulo Trainway, Light and Power Company Ltd.
Segundo Zenha (op. cit.) a região era usada pelos indígenas como passagem entre o litoral e o planalto, traçando
uma trilha que no período colonial recebeu o nome de Caminho de Conceição de Itanhaém, ligando as aldeias de
Ibirapuera e de Itanhaém, que, com a chegada dos portugueses passaram a denominar-se de Santo Amaro de Ibirapuera
(BERARDI, 1981; e TORRES, 1977) e Conceição de Itanhaém, respectivamente, tornando-se vilas coloniais. A primeira
teve como último cacique o conhecido índio Cayubí aliado de Tibiriçá – cacique de Piratininga - e dos portugueses.
O traçado do caminho seguia basicamente o divisor de águas entre as bacias hidrográficas dos rios Jurubatuba-
Bororé e Guarapiranga-EmbúGuaçú, seguindo pelo interflúvio da bacia do rio Capivari com a do Embú-Guaçú, até
encontrar a Escarpa da Serra do Mar, decendo até o Rio Branco, pelas vertentes do rio Mambú, seguindo via fluvial até a
vila de Itanhaém como coloca Zenha (1977, p. 27): “No trecho que cortava o território de Santo Amaro a vereda para
Itanhaém seguiria pelos atuais bairros do Rio Bonito, Bororé, Varginha, Caucaia [Cocaia, atual Novo Horizonte], Ambura
(ou Imbiabura) [atual Embura], até o Alto da Serra, nos campos que ali se espraiam. Esse percurso atravessava a área onde
iria localizar-se a Colonia Alemã, sabendo-se que o caminho por Parelheiros não existia, tendo sido aberto no século XIX
pela iniciativa de Henrique Schunck [alemão], pai do fundador de Cipó. Atingindo o pé da Serra o viajante fazia a parte
final por via fluvial [Rio Branco-Itanhaém]”.
Assim, podemos dizer que esse caminho seria atualmente o seguinte trajeto, partindo do Largo da Capela do
Socorro: Av. do Rio Bonito (antiga estrada do Rio Bonito), Autódromo de Interlagos, Av. Rubens M. de Borba, Av.
Jequirituba, Estrada do Cocaia (ou Caucaia), Av. Paulo G. Reimberg (antiga Estrada da Varginha), Estrada Velha da
Colônia, Estrada da Vargem Grande e Estrada da Ponte Alta.
Zenha também cita as primeiras sesmarias na região chamada de Caucaia, Ibiambura (Embura) e
Taquoataquissetiba, datadas de 1640, doadas a Calixto da Mota, Alvaro Rodrigues do Prado, Damião Simões, Manoel
Lourenço e Francisco de Paiva (ZENHA, 1977 p. 23), concedidas por Calixto da Mota, Capitão-Mór da Capitania de São
Vicente à época, quando sua capital fora transferida para a vila de Conceição de Itanhaém, afim de aproveitar
economicamente o trecho que interligava a nova capital ao planalto (Santo Amaro do Ibirapuera) (ibdem, p. 28).
Este caminho fora mencionado em “inúmeros documentos da região, referentes a terrenos nas baixas do Capivari,
Monos, Claro e Ambura” (op. cit., p. 23). Também por Benedito Calixto em sua obra Capitanias Paulistas, como um
caminho que “de Santo Amaro se dirigia a Itanhaém, conhecido por Caminho do Gado” (CALIXTO, 1924, p. 169 apud.
ZENHA, op. cit.).
Outro caminho citado por Zenha, e que também passava pela região do Bororé, seria via fluvial, pelo rio
Jurubatuba (ou Grande), partindo da antiga trilha para o mar que ligava São Vicente à São Paulo Piratininga, até Santo
Amaro do Ibirapuera.
Uma das evidências de que ocorreram esses caminho foi o achado de uma casa de taipa na antiga estrada de
Colônia à Bororé (atual Av. Kayo Okamoto), que foi construída com uma antiga técnica de arquitetura bandeirante que
fundamenta-se em camadas de taipa (argila) batidas com um pilão para formar as paredes de sustentação da casa, com
ausência de colunas. As paredes apresentam-se de 0,60 m a 1 m de espessura.
Este tipo de construção era típico no cenário colonial paulista, principalmente nos pousos existentes nas antigas
rotas, situados em locais estratégicos para que o viajante pudesse suprirse
de necessidades básicas como banho, alimentação e alojamento.
Esta é uma das hipóteses da construção da Casa de Taipa do
Colônia (como foi denominada pelos técnicos da SVMA) – foto 7 -, pois
poderia ser um pouso no Caminho de Conceição de Itanhaém, ou na
ligação desse Caminho com o trajeto fluvial citado por Zenha (1977), que
consistia na utilização do rio Jurubatuba para interligar as vilas de
Pinheiros e Santo Amaro de Ibirapuera ao caminho que levava à São
Vicente.
Outra hipótese possível é a de que esta casa servia de sede de
fazenda para algum proprietário de terras existente no local antes da
chegada dos colonos, pois Zenha (1950) coloca “Joaquim Machado,
proprietário de terras próximas à colônia, soltava seus gados para pastar
em terras dos Colonos”.
No entanto, a hipótese mais provável é que a construção dessa casa se deu no final do século XIX, por uma
família descendente de colonos alemães (os Reimberg). Cujo apelido do chefe da família – seu Periquito – também
denominou a casa e a estrada que passava em sua frente, a antiga Estrada do Curucutu (atual Av. Kayo Okamoto).
Atualmente esta casa encontra-se em processo de tombamento pelo Departamento de Patrimônio Histórico da
Secretaria da Cultura do município.
5.2 A Colônia Alemã
Apesar de servir de passagem entre o litoral e o planalto, a vasta região situada entre o ribeirão Cocaia e a Escarpa
da Serra do Mar, poderia possuir alguns poucos caboclos e indígenas espalhados pelo território, mas somente será ocupada
efetivamente com a implantação da Colônia Alemã entre os ribeirões Taquacetuba e Vermelho, numa feição
geomorfológica denominada de Cratera da Colônia, um astroblema formado pelo choque de um meteoro a cerca de 35
milhões de anos (BELLENZANI, 2000) que distava seis dias de burro/mula a partir de Santo Amaro (GARANHUNS,
1977).
Esta foi a primeira experiência de implantação de uma colônia no Império brasileiro (RIBEIRO, 1997). É imposta
pelo governo imperial à província de São Paulo, onde, através de um aviso redigido pelo Visconde de São Leopoldo,
coloca que “na distribuição das terras se escolha as mais salubres” e que se localize “em logar que constituísse um centro
de aproximação entre diversas localidades (num ponto deserto e perdido, para unir, populações separadas)” (Visconde de
São Leopoldo, 1827, apud. ZENHA, 1950, p. 49). Os Colonos tinham sido recrutados pelo Major Jorge Antonio von
Schaffer, fruto de uma nova política brasileira encabeçada pelo ministro do reino, José Bonifácio (RIBEIRO, op. cit.; e
JOFFILY, 1998), em conjunto com o Imperador Pedro I, e a Imperatriz Amélia de Leuchtenberg (Leopoldina), austríaca.
O primeiro que defendia a idéia de substituição do trabalho escravo por assalariado e o surgimento de uma classe média
brasileira, além da implantação de novas técnicas agrícolas; e o casal imperial que aspiravam soldados mercenários para
combater nas fronteiras com os domínios espanhóis (RIBEIRO, 1997).
Segundo Ribeiro (op. cit.), escolhem os alemães como colonos, devido a afinidade com a família da imperatriz e
pelo fato de a Alemanha não ser um país unificado e, ainda, não possuir colônias ultramarinas, afastando a possibilidade de
uma reivindicação de autonomia dos germânicos em território brasílico.
O aviso enviado pelo Visconde aos paulistas sugere Franca e Tatuí para receber a colônia, a província pensa em
Juquitiba, Itanhaém, São Vicente, Itapecerica, Mboy (Embú), Itapeva e Paraná, escolhe Itapecerica da Serra, na região
denominada de Quilombo. Os alemães não aceitam, alegam que as terras eram ingratas, estéreis e de difícil acesso, e
reivindicam o previsto no contrato de colonização assinado na Alemanha. São mandados a ocuparem as terras de Mboy
(Embú) e Carapicuíba, pertencentes à Companhia de Jesus, também recusadas pelos colonos devido a incapacidade de
assentamento, pois serviam de moradia a índios e posseiros (RIBEIRO, 1997; e ZENHA, 1950).
Justiniano de Melo Franco, médico paulista que falava alemão e, portanto, nomeado pela província para dirigir a
colônia, parte para Santo Amaro a procura de terras devolutas, encontra quatro léguas ao sul, um lugar bem regado entre o
Ribeirão Vermelho e a Serra do Mar, algumas ocupadas por Joaquim Machado, onde havia uma picada à Itanhaém, com
matos assentados e de boas madeiras. As terras limitavam “com as de propriedade do juiz de paz da paróquia (Joaquim
Manoel de Moraes)” (ZENHA, op. cit.). O presidente da província ordena ao diretor da colônia que levem os estrangeiros
ao local escolhido para apreciação. O diretor da colônia logra aos colônos que assinem o contrato de aceitação do sertão de
Itaquaquecetuba (ZENHA, 1950; e RIBEIRO, op. cit.).
Para a província era condizente o local escolhido pelo diretor, pois se situava a sete léguas da capital – os
paulistas temiam um contato mais próximo com o estrangeiro – e encontrava-se num ponto entre as vilas de Santos e São
Vicente, por onde se podia rumar por via fluvial, pelos rios Taquacetuba e Grande; Itanhaém (Conceição), ligado por “uma
picada (...) por onde consta já ter seguido gado”; e São Paulo e Santo Amaro, pelo mesmo caminho, no sentido oposto.
Segundo o jornal A Gazeta de Santo Amaro (SANTO AMARO, 1975) a escolha da colônia no sertão de
Itaquaquecetuba levou alguns colonos a abandonarem o acordado com o governo imperial, decidindo abdicar do direito à
subsídios, ferramentas, e terra, previstos no contrato assinado na Europa, alegando haver “muito brejo, terreno inundado e
estéril”. Migraram para Sorocaba, Tatuí e Penha de França. Porém, alguns ficaram, e sob a liderança dos agrimensores
alemães Henrique Dröge, inicialmente, e Teófilo Schmidt - este que viera do Rio de Janeiro a pedido da província para
substituir o primeiro - que foi o principal “agitador” da colônia, como fora taxado pelo Dr. Justiniano .
Ribeiro (1977, p. 147) nos coloca que “quando as coisas encaminhavam para uma solução, T. Schimidt afirma
que as escolhidas não prestavam e que nacionais cultivavam terras dos colonos”. Também elucida que “Schimidt chamou a
atenção para o fato de que determinadas pessoas ricas e poderosas foram propositadamente favorecidas pela escolha do
terreno”, pois grande parte das terras não era devoluta e foram indenizadas pelo governo provincial, com os fundos
destinados aos colonos, à Joaquim Machado e à Joaquim Manoel de Moraes - juiz de paz de Santo Amaro –que haviam
comprado parte das terras pouco antes da implantação da colônia (ZENHA, 1950).
Mesmo após diversas tentativas dos alemães em fazer cumprir o que estava previsto, pois o diretor e a província
não permitiam que procuradores dos colonos chegassem ao Imperador, alguns decidem se assentar no local. Porém com
pouco sucesso, dos 229 indivíduos (62 famílias) contraentes das terras do Sertão de Itaquaquecetuba, em dez anos (1839)
somente 157 estavam espalhados por Santo Amaro, em terras fora da Colônia, e em 1847, apenas nove famílias, chegando
ao número de quatro famílias três anos depois. Levando Zenha (1950) a dizer que “assim foi a decadência de
empreendimento que custou tanto dinheiro e tanto sacrifício. O lugar que deveria transformar-se numa cidade, definhou
em tapera com três ou quatro ranchos pobres ao redor de um cemitério”, este conseguido a duras custas, pois grande parte
dos imigrantes eram protestantes e não podiam ser enterrados em cemitério católico, tampouco na igreja.
9. Primeiro cemitério protestante do Brasil.
Colônia Paulista. Construído em 1840
8. Sra. Vitalina Reimberg (80 anos), descendente de
alemães. Antiga Estrada do Curucutu.
10. Sede de sítio. Ant. Estrada Velha da Colônia,
provável Caminho de Conceição de Itanhaem
5.3 Os imigrantes
A partir dos alemães, Santo Amaro passa a ser considerado o “celeiro da capital”, sendo o único município da
província a produzir batatas, além de fornecer arroz, feijão, milho e mandioca à São Paulo. Também comercializavam no
Mercado de São Paulo gado, aves, mucuta (canela e lenha), madeira e carvão.
Eles fundaram vilas (Cipó e Parelheiros) abriram estradas, como
a antiga estrada de Parelheiros (atual Av. Sen. Teotônio Vilela e Av.
Sadamu Inoue), que liga o Rio Bonito ao município de Embú-Guaçú, e
que possibilitou a ocupação do vasto sertão que a cercava, regado por
inúmeros cursos d’água e povoado pela imensa Mata Atlântica.
Porém, Zenha coloca que devido ao descaso do poder público
paulista para com a cultura da Colônia Alemã, pois mais da metade era
protestante e não possuíam pastor, eram obrigados a freqüentar a igreja
católica de Santo Amaro, fatos que os levaram a reivindicação de um
cemitério e de uma igreja. O primeiro foi construído somente em 1840
(foto 9), juntamente com uma capela; a igreja somente foi substituir a
capela em 1910, quando já havia a igreja de Parelheiros, desde 1898
(GARANHUNS, 1995).
Garanhuns coloca que na região de Parelheiros já havia alguns
caboclos antes da vinda dos alemães, e o lugar que recebeu este nome
devido à ocorrência de diversas corridas de cavalo (parelhas) entre
germânicos e brasílicos, era conhecido como Santa Cruz, devido a existência de uma Cruz no local. Um devoto, chamado
Amaro Pontes, cedeu terra para a construção da capela após sua volta da Guerra do Paraguai (1864-1870), como
pagamento de promessa.
Ainda no século XIX, os alemães povoam as regiões de
Gramado, Cipó, Casa Grande e Bororé. Alguns, devido à
conhecimentos de ofícios aprendidos na Europa (cirurgiões, sapateiros,
ferreiros, etc.), se destacam e vão morar na vila de Santo Amaro ou na
capital. Os “colonos que permaneciam nos centros mais povoados
conseguem educar seus filhos, fazendo-os aprender a ler e escrever a
língua do país. Os da Colônia, entretanto, se viram completamente
desprovidos de qualquer auxílio para a educação das crianças (...). As
famílias mais cuidadosas procuravam contratar professores” (ZENHA,
1950).
Catarina Klein Schunck, que se instalou no atual bairro de São
José, com largos tratos de terra e até escravos, manteve um curso de
primeiras letras” (ZENHA, 1950, p. 54). Isto evidencia que os alemães
acabaram por aderirem a divisão social em que o Brasil imperial
passava – o escravismo – relatos de alguns moradores tradicionais da região colocam que haviam negros que trabalhavam
para os alemães como escravos, o que levou a alguns alemães a se misturarem com os negros, como é o caso de José
Guilger Helfstein, agricultor, nascido na região do Bororé, descendente de alemães, e casado com uma senhora negra, dona
Maria da Silva Helfstein.
Porém a perda cultural foi inevitável, olvidaram práticas agrícolas relativamente adiantadas como o uso do arado,
o sistema de alqueire, etc. “Esparramados por uma vasta zona, sitiados por famílias brasileiras, em pouco tempo nêles se
processava a perda dos caracteres trazidos” (ZENHA, op. cit., p. 56).
Mesmo assim, a região apresentou um espírito mais
empreendedor, pois os alemães estavam prontos a aderirem ao
progresso, e foram os primeiros a proverem-se de luz elétrica, primeiros
motoristas de Santo Amaro, abertura de estradas, como a de Parelheiros
aberta por Henrique Schunck em meados do século XIX.
A presença primitiva de alemães na região de Santo Amaro,
levou outros imigrantes que chegariam ao Brasil no final do século XIX
e início do XX, a escolherem esse sítio como morada. Os portugueses
montavam granjas de aves e gado; espanhóis (Catalunha)
comercializavam roupas femininas; árabes, turcos e judeus, tecidos;
russos, húngaros e ingleses eram operários, comerciários e bancários;
estadunidenses e alemães para os altos cargos de chefia nas indústrias;
japoneses (principalmente depois de 1945) eram agricultores de
hortifrutigranjeiros (cinturão verde) onde seus filhos se tornariam
profissionais liberais (médicos, dentistas, farmacêuticos, etc.); além dos
italianos que marcaram profundamente a cultura paulistana.
Na Revolução Constitucionalista, foi escalado um destacamento santamarense, e segundo um antigo casal de
moradores da região do Bororé, José Antônio Domingues, nascido em 1916 e Amália Guilger Domingues, de 1921,
11. Templo Budista. Colonização extremo-oriental.
Cabeceira do ribeirão Cocaia.
diversas pessoas “fugiam” do alistamento e se escondiam nas matas existentes no local. Ele (seu José) tem avó alemã e avô
índio, o que demonstra a miscigenação dos alemães com os nativos; ela é descendente de alemães.
Com a Segunda Grande Guerra a Colônia Alemã foi obrigada a mudar seu nome para Colônia Paulista.
5.4 O ‘progresso’ e a represa Billings
A região do Bororé localiza-se em território do antigo município
de Santo Amaro, anexado à capital paulistana pelo interventor federal no
Estado Armando de Salles Oliveira em 25 de fevereiro de 1935 pelo
decreto estadual 6.983 (BERARDI, 1981), rebaixando-a a subprefeitura
do município de São Paulo, com o administrador nomeado pelo prefeito
da Capital.
“E, assim, Santo Amaro, que durante séculos cuidara de si sem
tutelas, passou a integrar à Capital. (...) Incluindo à Capital, uma zona
rural vastíssima, com imensa reserva florestal: rios piscosos, caça
abundante, veados de campo e de cerrado, onças, lontras e ariranhas,
macacos, etc.(...) E, no mesmo ano, em 26 de outubro, se fundava o
Centro Autonomista de Santo Amaro [realizando diversas campanhas,
alegando] (...) que a extinção de um município é sempre motivada pela sua decadência, o que não se justificava no caso de
Santo Amaro, em franco progresso” (BERARDI, op. cit., p. 107).
O progresso citado por Berardi se deu, grande parte, em virtude dos projetos de desenvolvimento da futura
metrópole de São Paulo, que levou a empresa canadense The São Paulo Trainway, Light and Power Company Ltd. a
construir uma represa no rio Guarapiranga em 1907, para controlar a vazão do rio Tietê e, consequentemente, a produção
de energia gerada pela Usina Edgar de Souza localizada no mesmo.
A represa de Guarapiranga, como foi chamada, além de sua original função, serviu de lazer aos paulistanos, que
construíram chácaras de recreio, clubes (de campo, náuticos, de golfe, etc.), sendo chamada de “Primeiro Passeio do
Paulistano no início do século XX”, por Berardi.
Este progresso também condisse para que essa empresa canadense construísse uma linha de bonde em 1900
ligando a capital à Santo Amaro, substituindo a antiga estrada de ferro da companhia de Trens e Carris de Ferro São
Paulo–Santo Amaro, construída pelo Engenheiro Alberto Khulman, em 1886, e que foi servida pelo casal imperial
brasileiro quando de vossa visita ao município de Santo Amaro no mesmo ano (TORRES, 1977). Os lucros da ferrovia
vinham do transporte de madeiras, carvão e gêneros alimentícios, pois Santo Amaro era o principal fornecedor destes
produtos à Capital.
A linha de bonde, que fez surgir diversos bairros em seu entorno como V. Clementino, Indianópolis, Campo Belo,
V. Cordeiro, Jardim Petrópolis, Moema, Brooklin Paulista e Alto da Boa Vista, foi expandida até o bairro do Socorro, após
a construção da represa de Guarapiranga, e foi o último bonde a ser desativado no município de São Paulo, tendo sua
viagem final em 1968 (BARARDI, op. cit.).
Outra obra relevante construída pela “Light” na região do antigo município de Santo Amaro foi o audacioso
“Projeto da Serra do Mar”, que revolucionou a engenharia da época, levando seu idealizador e executor, o Engenheiro
estadounidense Asa White Kenney Billings, funcionário da empresa canadense, a receber o maior prêmio internacional na
categoria de seu tempo (MORAES, 1994).
Este engenheiro “planejou represar os rios Jurubatuba e Bororé, afluentes do Pinheiros, formando um outro lago:
essas águas seriam lançadas a 740 metros de altura sobre turbinas da Usina de Cubatão [Henry Borden, prevista no
projeto], que iria suprir São Paulo da energia que faltava. A estas águas se acrescentaram as do reservatório do
Guarapiranga, e as do próprio Rio Pinheiros, impulsionadas em sentido inverso [através das usinas elevatórias de Traição e
de Pedreira] por uma canal, [retilinização do rio Pinheiros]” (BERARDI, 1981, p. 100).
As obras do projeto foram iniciadas em 1926, e surgiu em virtude do: crescente aumento do consumo de energia
elétrica em São Paulo cerca de 25% de 1913 a 1923; da grande seca ocorrida na região da capital paulista em 1924; e a
crise elétrica de 1925, onde 70% da energia elétrica de São Paulo fora cortada; além das constantes inundações de verão
que os rios Tietê e Pinheiros apresentavam e que impossibilitavam o crescimento da cidade na direção de suas várzeas
(MORAES, 1994).
Algumas críticas houve à época, como a do Engenheiro Saturnino R. de Brito em 1926, citadas por Andrade,
1991 (apud. MORAES, op. cit.), entre elas estavam:
Prejuízo à navegação existente [à época] no Tietê;
Prejuízo à autodepuração dos esgotos nos rios principais [como exemplo vemos que em 1993 o rio Pinheiros,
que no início do século XX era um rio pouco poluído, devido, inclusive, a presença de poucas indústrias e
população rural, passou a ser mais poluído que o Tietê no final do século. Segundo relatório da qualidade da
água emitido pela CETESB, enquanto o Pinheiros (amostra retirada a jusante da Elevatória de Pedreira)
apresentou 63% do período em péssimas condições, e 37 % em ruim, o rio Tietê, na altura da ponte dos
remédios, apresentou apenas 27% do tempo em condições péssimas e 68% em ruins, chegando até a
apresentar, em 5% do período (ano de 1993), em condições aceitáveis (CETESB, 1994, p. 34)]; e
Baixa capacidade de bombear enchentes.
Porém a empresa empreendedora argumentava além do já exposto aqui que a represa traria progresso tanto à
região como a cidade de São Paulo,
12. Loteamento irregular se expandindo entre a mata.
Jd. Noronha
Assim, diversas são as modificações no espaço que possibilitaram o avanço urbano-industrial à região de Santo
Amaro. A construção da Auto-Estrada (atual Avenida) Washington Luíz em 1928, interligando à capital às áreas das
represas, faz surgir residências de alto padrão ao longo da ‘Estrada de Rodagem’, pois era própria para o tráfego de
automóveis, símbolo do progresso e da modernidade. Aparecem balneários nas margens das represas. E é construído o
Aeroporto de Congonhas: “Época de Ouro à Santo Amaro” como Berardi (1981) a adjetiva, dizendo que “Santo Amaro
estava vendo chegar o progresso” (BERARDI, 1981, p. 101). Outras obras como o Autódromo de Interlagos e o bairro
jardim de mesmo nome, vieram logo em seguida, em 1930 (PONCIANO, 2001).
5.5 A industrialização e o crescimento urbano
O decreto estadual que anexou o município de Santo Amaro à Capital do Estado considerava que o motivo pelo
qual se deu tal decisão fora em virtude do plano urbanístico da Capital que planejava construir um de seus mais atraentes
lugares de recreio, com criação de hotéis, estabelecimentos balneários, cassinos, melhoria dos meios de comunicação.
Além do projeto de industrialização da região, aproveitando tanto as facilidades de comunicação (marginais e ferrovias
previstas na construção do canal do rio Pinheiros), como a geração de energia elétrica e abundância d’água; tanto que
levou o industrial Francisco Matarazzo a montar um loteamento industrial no bairro de Jurubatuba.
O plano urbano de crescimento da capital via em Santo Amaro uma ótima possibilidade de abrigar indústrias
(linha férrea, represas, energia elétrica e água) e residências operárias, além de bairros de alta classe, fato também presente
na Zona Leste, porém com menores atrativos. Santo Amaro também apresentava uma geomorfologia que possibilitava um
fácil crescimento urbano (excluindo as áreas de mananciais), pois “favorecido pelo terreno tabular, o traçado das novas
ruas era uniforme, entremeado de praças, com quarteirões retangulares” (BERARDI, 1981, p. 114), além do que o “vale do
rio Pinheiros divide, no sul de Santo Amaro uma grande zona rural (...) que está na direção das Escarpas da Serra do Mar,
e poderá servir no futuro como elemento de ligação entre São Paulo e o litoral. [Em 1969] falava-se (...) na abertura de um
caminho para o litoral, ligando Mário Alves (Cipó) a Itanhaém” (op. cit.).
Imigrantes do leste-europeu viriam para trabalhar como operários nas fábricas que surgiam. Estadunidenses e
alemães ocupariam altos cargos de chefia nas multinacionais.
Em 1957 é concluído o ramal ferroviário da antiga Estrada de Ferro Sorocabana, então FEPASA, que interligava
a linha Júlio Prestes-Mairinque com a Santos-Mairinque, a partir da estação Osasco da primeira com a Evangelista de
Souza da segunda, passando pelo canal do rio Pinheiros, Interlagos, Grajaú, Itaim, Colônia Paulista e Barragem (Krucutu),
ou seja, cortando todo o sertão santamarense ao meio. Este ramal, além do transporte de cargas, passa a circular duas
linhas de passageiros, uma partindo de Osasco a Jurubatuba, que é expandida até Evangelista de Souza no período da
década de 1970, sendo extinta na mesma década, e depois retomada a expansão, porém agora até a região de Casa Grande
(estação Varginha), que é desativada em 2000. E outra partindo da Barra Funda até Santos, que circula nas décadas de
1970 e 1980.
“A intensificação da industrialização aumentou a necessidade de mão-de-obra que foi atendida pela aceleração de
fluxos migratórios. O aumento populacional pressionou a demanda por maior oferta de habitação (...) [e] no processo de
industrialização de São Paulo, o problema de moradia da população trabalhadora até 1930 era equacionada pelas próprias
empresas, que construíram as ‘vilas operárias’ próximas às unidades de produção, alugando-as ou as vendendo aos
trabalhadores. Os custos de terrenos e de construção eram baixos, tornando compensatória essa solução do problema.
Entretanto, com o aumento da industrialização e conseqüente aumento do número de trabalhadores, essa tendência de
solução do problema de habitação foi abandonada, transferindo-se para
o Estado a responsabilidade em oferecer serviços básicos, como
habitação e transporte” (MIRANDA, 2002, p. 24).
Miranda ainda coloca que “o poder público só mais tarde vai se
munir de instrumentos legais para responder às novas necessidades,
deixando que os interesses da especulação imobiliária determinassem a
localização de moradia da população trabalhadora, acentuando-se, no
delineamento do traçado urbano, o desordenamento no uso do solo”.
Colocando o poder público a serviço dos especuladores imobiliários,
pois após a criação dos loteamentos, regulares ou não, o Estado se via
obrigado a prover o bairro de infra-estrutura básica urbana, prevista em
constituição: água, luz e transporte.
A inexistência de grandes espaços em áreas urbanas acabou por
tomar os terrenos dos caipiras alemães, de solo esgotado por roças
rudimentares. Lotear suas propriedades foi a saída vista pelos
proprietários de terra, pois “o aumento de impostos territoriais veio encarecer as grandes propriedades. A solução foi
dividir as chácaras e sítios em loteamentos, dando lugar ao aparecimento de ‘vilas’, ‘jardins’, ‘parques’ e etc.” (BERARDI,
1981, p. 114).
Fernando Henrique Cardoso coloca que “a especulação imobiliária (...) adotou um método próprio para parcelar a
terra da cidade. Tal método consistia no seguinte: o novo loteamento nunca era feito em continuidade imediata ao anterior,
já provido de serviços públicos. Ao contrário, entre o novo loteamento e o último já equipado, deixava-se uma área de
terra vazia, sem lotear. Completado o novo loteamento, a linha de ônibus passava pela área não loteada, trazendo-lhe
mediata valorização. O mesmo ocorreria com os demais serviços públicos (...). Dessa forma, transferia-se para o valor da
13. Loteamento irregular. Jd. Noronha
terra, modo direto e geralmente antecipado, a benfeitoria pública. Ainda hoje, sempre que se chegue a um centro
secundário da cidade – de Santo Amaro à Penha, indistintamente – e se continue em direção à periferia, o processo é
visível: antes de cada loteamento alcançado, existe uma área vazia” (CARDOSO, F. H., 1973 apud. MIRANDA, 2002, p.
26).
“Em busca de alojamento barato, uma população bastante numerosa escolheu Santo Amaro para residir. A
possibilidade de encontrar aluguéis mais baixos ou até mesmo casa própria, com algum sacrifício, surgia com os
numerosíssimos loteamentos” (BERARDI, 1981)
Assim, o aspecto tipicamente rural e caipira tanto da vila de Santo Amaro como de seu sertão vai dando lugar
para o crescimento da grande mancha urbana metropolitana paulista.
5.6 Os migrantes
“Como centro dinâmico do país e capital de Estado que
concentrava 35,6% da Renda Interna do Brasil em 1969, São Paulo
encontrava à frente de um processo de industrialização acelerada,
transformando-se num vasto conglomerado populacional de
aproximadamente 11 milhões de habitantes, dos quais 96% vivendo em
área urbana (projeção feita para 1975)” (MIRANDA, 2002, p. 23).
Como vimos o desenvolvimento industrial da região de Santo
Amaro, principalmente a partir da década de 1960, necessitou de uma
grande massa de operários para movimentar suas máquinas, assim,
muitos migrantes advindos, majoritariamente, do nordeste brasileiro e
norte de Minas Gerais, começaram a povoar a região.
“Surgem e expandem-se os bairros ‘periféricos’ que, juntamente com cortiços e favelas alojam a população
trabalhadora, concentrando a pobreza da cidade e de seus habitantes” (op. cit., p. 24).
Eles ocuparam inicialmente, na Zona Sul, as regiões de Cidade Adhemar, Campo Limpo e Jardim São Luiz,
preocupando o movimento ambientalista e o poder público da época, este que publicou a Lei estadual n.º 1.172/76, de
Proteção aos Mananciais da Região Metropolitana de São Paulo (SÃO PAULO, 1976), com o intuito de proteger a região
das represas pois a Guarapiranga já estava sendo utilizada para fins de abastecimento, e uma ocupação de suas cabeceiras
poderia comprometer a qualidade e a recarga da mesma, pois uma incipiente ocupação já era presenciada. Esta foi a
primeira vez na legislação brasileira que controlava os “recursos hídricos utilizando o controle de uso e ocupação do solo”
(MIRANDA, 2002, p. 27).
Assim, as regiões do Jardim Ângela, Pedreira, Grajaú e Parelheiros ficaram sob proteção dessa legislação. Porém,
devido a ineficiência dos órgãos fiscalizadores do próprio Estado, não tiveram muito efeito, pelo contrário, as terras eram
desvalorizadas no mercado imobiliário, facilitando o jogo dos especuladores, que compravam a terra a preços reduzidos e
abriam loteamentos ‘clandestinos’, pois não estavam sob as normas da “Lei dos Mananciais” e que eram vendidos a preços
populares aos trabalhadores de baixa renda.
Segundo Sócrates et alli. (apud. MIRANDA, 2002, p. 27) “a política dos governadores com relação à questão do
meio ambiente e particularmente dos mananciais é oscilante, ora correspondendo às expectativas dos preservacionistas ora
inclinando-se a interesses de grupos definidos como das grandes construtoras e dos especuladores imobiliários”.
“A desvalorização crescente do valor da terra, a baixa renda dos trabalhadores, a necessidade de se fixar próximo
às áreas de concentração de empregos e as dificuldades, e mesmo omissão, quanto às políticas de fiscalização com certa
conivência, por parte dos órgãos públicos, tiveram como efeito a expansão trágica (...) dos loteamentos clandestinos e de
favelas, localizadas, em grande parte, nas áreas de mananciais” (MIRANDA, op. cit., p. 29).
Para Raquel Rolnik (apud. PAIVA, 2000) aquilo que num primeiro olhar avaliamos como desordem urbana ao
presenciarmos o processo intenso de favelização, carências em infra-estrutura e equipamentos, etc. tem origem, na
realidade, numa ordem urbanística, cujo cerne reside num pacto territorial da cidade.
Presenciamos, portanto, um processo de produção política da sociedade, que segundo José de Souza Martins
“incorpora a reprodução das relações sociais engendradas pelo padrão de desenvolvimento capitalista na medida em que é
conduzido por políticas públicas. A cidade passa a realizar-se cada vez mais pelo valor-de-troca, tornando-se produto.
Criam-se tensões e contradições neste processo, na medida em que ela também é valor-de-uso e portanto, obra”
(MARTINS, J. S. apud. PAIVA, 2000 p. 28).
Apesar de grande parte das ocupações serem desordenadas temos alguns exemplos de bairros ordenados e que
pouco agridem a paisagem e o meio ambiente, um deles é o Shangri-lá, situado no final da Av. Dona Belmira Marin, junto
à primeira balsa, que possui áreas verdes e praças protegendo cabeceiras de drenagem e várzeas, suas ruas não são
asfaltadas, porem cascalhadas, e os lotes não são totalmente impermeabilizados. Outro exemplo, porém que não se
encontra na região estudada, é o Jardim Pinheiros, no Município de São Bernardo do Campo, situado próximo à represa
Billings, este bairro iniciou-se indevidamente após a publicação das Leis de Mananciais porém, após a conscientização dos
moradores, passou a promover um paisagismo mais ecológico, inclusive no calçamento de ruas e passeios, tal qual no
tratamento de seus efluentes líquidos e direcionamento adequado dos resíduos sólidos (coleta seletiva, etc.). Estes São
alguns exemplos de ‘Bairros Ecológicos’ que podem ser utilizados como base para o paisagismo de outros com uso das
terras e ocupações desordenadas.
(...)
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ZENHA, E. A Vila de Santo Amaro. São Paulo: Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, 1977.

nascente do rio Embu Guaçu




Autora: Camilla Naufel

estação de Embu Guaçu

O alternativo de Itapecerica da Serra vai morrer ,,,




Se não houver uma grande movimentção pra alterar a lei, o transporte alternativo de Itapecerica da Serra vai morrer

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Visita a SPtrans




o presidente da COOPERTAEG, DARONIL NUNES FARIA, O DIRETOR DE GESTÃO E PLANEJAMENTO JOSE CARLOS NUNES MARTINELLI, O PREFEITO DE EMBU GUAÇU, CLODOALDO LEITE DE MOURA

Fotos antigas da garagem





fotos antiga da lateral da garagem


do interior da garagem



do antigo ponto final

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

mais placas






velocidade maxima: homem: 140 km/hora
mulher: 35 km/hora


sábado, 8 de agosto de 2009

violencia da Guarda Municipal de Itapevi, em confronto com perueiros









No final da tarde de segunda-feira (28), a Guarda Municipal travou violento confronto com perueiros da Atai (Associação dos Transportes Alternativos de Itapevi), que tentavam impedir a apreensão de uma van Sprinter no Corredor Oeste (av. Feres Nacif Chaluppe), em frente ao pátio do Demutran e ao lado da Delegacia de Polícia. Ao final do tumulto, a van acabou sendo apreendida pela Polícia Militar.
O confronto envolveu 14 guardas municipais e entre 20 e 30 perueiros. A queda de braço culminou com golpes de tonfa (cassetete) e cerca de seis a oito tiros disparados para o alto pelos guardas, gás pimenta espalhado pela Polícia Militar para dissolver o tumulto e várias pessoas com ferimentos leves.
O começo — Na seqüência de incidentes entre a Prefeitura e os perueiros que começaram no dia 14 de abril, o confronto de segunda-feira começou por volta das 15h00, quando a van Sprinter branca, placas IFQ-1248, de Ednaldo Sena Gomes, 40 anos, o Cavalo, foi parada pela Guarda Municipal quando transitava pelo Corredor Oeste, poucos metros adiante da Delegacia de Polícia.

Imagem onibus




Protesto de Perueiros no Centro de São Paulo